Poética indígena contemporânea: resistência e perpetuação das epistemologias dos povos originários brasileiros
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Data
2022
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Resumo
O presente trabalho teve como objetivo analisar o papel desempenhado pela poética na literatura indígena brasileira contemporânea como forma de identificar fatores que asseguram e legitimam a resistência às mudanças nocivas para os povos originários bem como a perpetuação de suas epistemologias. Nota-se nos escritos dos autores indígenas brasileiros contemporâneos a sempre presente passagem da sabedoria ancestral proveniente de tempos imemoriais que comunica uma harmonia cósmica da criação em estreita conexão com a apropriação da língua oficial escrita. Essa transição da palavra falada para a palavra escrita repercute na possibilidade do compartilhamento de cosmovisões e transferência de valores para além de suas próprias fronteiras epistêmicas e poéticas naturais favorecendo a difusão e fixação de saberes por intermédio da escrita. A transcrição destes ensinamentos para a linguagem ocidentalizada revela uma escrita marcada pela voz-práxis autoral que essencialmente é comprometida com a realidade numa perspectiva militante e com ativa voz política em defesa da cultura dos povos originários e da proteção da natureza. O fenômeno dessas vozes da ancestralidade tem despertado ressonâncias em vários campos do conhecimento, sobretudo na educação e filosofia, por ser justamente o fio condutor que remete a uma busca por sabedoria que difere do consagrado modelo metódico ocidental. Este trabalho está ancorado na leitura e análise das obras de autores indígenas brasileiros contemporâneos como: Ailton Krenak (2018); Daniel Munduruku (2016); Davi Kopenawa (2015); Kaká Werá Jecupé (2017), além de contar com o estudo de textos produzidos por pesquisadores acadêmicos como: Julie Dorrico (2018); Leno Francisco Danner (2020); Marco Antonio Valentim (2021). Conclui-se que estes ensinamentos presentes na dialética da tradição oral dos povos indígenas encontram agora espaço fértil para seu fortalecimento, atualização e perpetuação de sua produção de conhecimento via uma poética que vai além das entrelinhas e que conduz para um engajamento social decolonizador visando transformações sociais em prol dos povos originários e sua subsistência.
Descrição
O trabalho foi submetido, aprovado e apresentado no I Seminário Poéticas do Contemporâneo - I SePOC -, com o tema “Olhares do contemporâneo, confluências e dissonâncias" que é um evento promovido pelo Grupo de Pesquisa Formas e Poética do Contemporâneo - ForPOC (CNPq/ UFMA/ CCEL) e tem como propósito central criar um espaço para exposição da produção acadêmica dos pesquisadores e orientandos do grupo, bem como o diálogo com pesquisadores e estudantes de outras instituições, a partir das perspectivas em torno das quais o grupo se organiza, isto é, suas linhas centrais de pesquisa.
Palavras-chave
Poética, Indígena, Resistência, Epistemologia, Originários
Citação
VALIM, Ricardo; DANNER, Leno F. Poética indígena contemporânea: resistência e perpetuação das epistemologias dos povos originários brasileiros. In I Seminário Poéticas do Contemporâneo - I SePOC. UFMA, 2022.