A produção do espaço pela agricultura familiar: análise dos circuitos produtivos e suas implicações na dinâmica agrária rondoniense
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2025
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Resumo
O estado de Rondônia teve seu processo de formação socioespacial motivado, sobretudo, pelo governo federal a partir da década de 1970, quando foram criados, na Amazônia, projetos de integração desta região às demais regiões do país. Os projetos, que tinham como propaganda a distribuição de terras e o assentamento de agricultores familiares, também possibilitavam a atuação de grileiros e madeireiros na região, facilitando a abertura de novas terras para atender ao capital, além daquelas distribuídas oficialmente pelo INCRA. Com tais iniciativas, a territorialização dos pequenos produtores foi consolidada em Rondônia, configurando-se, atualmente, como uma herança dos projetos de colonização dirigida. Esses pequenos produtores representam a maioria dos estabelecimentos agropecuários do estado, ainda que não ocupem a maior parte da área destinada a essa atividade. Além disso, com a territorialização das empresas do agronegócio latifundiário, consolidou-se em Rondônia um discurso de fomento e valorização desse modelo, que integra, na mesma lógica, a produção de commodities e a agricultura familiar. A agricultura familiar tem demonstrado grande capacidade de adaptação aos interesses do mercado produtivo, incorporando novas técnicas e adotando práticas inovadoras para a comercialização de sua produção. No entanto, essa capacidade de adequação às demandas do mercado não retira do agricultor familiar sua condição de agente produtor, cuja propriedade representa não apenas um espaço de produção, mas também um ambiente de vida compartilhado com sua família. Considerando este conjunto de fatores defendemos neste trabalho a tese de que a agricultura familiar exerce importante papel na produção espacial em Rondônia, pois a partir de suas atividades produtivas, estruturam-se circuitos espaciais de produção, que refletem a fluidez deste espaço, contrapondo-se à lógica do agronegócio latifundiário. Assim, analisamos as diferenças conceituais entre agronegócio latifundiário e agricultura familiar, além da compreensão do conceito de circuito espacial de produção. Também revisamos o contexto histórico da formação socioespacial de Rondônia e seus reflexos na estrutura agrária e na organização das produções agropecuárias a partir das territorialidades de seus agentes. Também analisamos dados e características dos principais circuitos produtivos da agricultura familiar em Rondônia, sendo eles: café, mandioca e pecuária bovina de corte e leite. E por fim, analisamos a espacialidade formada pela agricultura familiar, identificando sua distribuição espacial, produtiva e capacidade de adoção técnica e organização coletiva, percebendo suas ações na produção do espaço geográfico. Portanto, concluímos que a atuação da agricultura familiar fomenta importantes circuitos espaciais de produção em Rondônia, refletindo em transformações e introdução de novos objetos técnicos ao espaço, de forma que possibilite a circulação da produção, atendendo as necessidades e demandas de produtos em escalas locais, regionais, nacionais e até mesmo internacionais, diferenciando-se na forma de organização em relação ao agronegócio latifundiário.
Descrição
Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia – PPGG da Universidade Federal de Rondônia - UNIR, como requisito avaliativo para obtenção do título de Doutor em Geografia.
Palavras-chave
Rondônia, Agricultura Familiar, Circuitos espaciais de produção
Citação
SANTOS, Tiago Roberto Silva. A produção do espaço pela agricultura familiar: análise dos circuitos produtivos e suas implicações na dinâmica agrária rondoniense. Orientador: Ricardo Gilson da Costa Silva. 266 f. Tese de Doutorado (Programa de Pós-Graduação em Geografia), Universidade Federal de Rondônia - UNIR, Porto Velho, 2025