Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) no Brasil: análise integrativa da organização, gestão e práticas de cuidado

Abstract

A saúde mental é fundamental para o desenvolvimento humano, afetando cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo, especialmente por depressão e ansiedade. No Brasil, aproximadamente 23 milhões convivem com transtornos mentais, e os atendimentos cresceram 20% em Rondônia e Porto Velho após a pandemia. Apesar dos avanços trazidos pela Reforma Psiquiátrica e pela implantação da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), Porto Velho ainda apresenta sérias fragilidades, como a existência de apenas um CAPS para cerca de 12 mil pacientes, escassez de profissionais e barreiras de acesso para populações rurais e indígenas. Diante desse cenário, a pesquisa teve como objetivo analisar a literatura recente sobre a RAPS no Brasil, sistematizando evidências relacionadas à organização, gestão e práticas de cuidado, além de identificar lacunas persistentes na política de saúde mental. Trata-se de um estudo qualitativo, explicativo e transversal, inicialmente planejado com dados primários, mas adaptado para uma revisão bibliográfica integrativa e análise de conteúdo de dados secundários devido à negativa institucional de acesso às informações. A análise de 37 estudos revelou três grandes dimensões: a estrutura e funcionamento da RAPS, a gestão e o financiamento da saúde mental, e as práticas de cuidado psicossocial. Conclui-se que, embora a RAPS represente um avanço significativo, sua efetividade ainda é limitada por desigualdades regionais, fragilidades de gestão e disputas de modelos de atenção.